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Histologia dental

HISTOLOGIA DO ÓRGÃO DENTAL

Os dentes são órgãos constituídos por tecidos mineralizados e não mineralizados, estão localizados na cavidade bucal e que estão relacionados a diversas funções, , tais como: a mastigação, fonação, e estética ealém de participar do crescimento craniofacial, durante seuso processos de desenvolvimento e erupção, o crescimento craniofacial. Como todo órgão, os dentes são formados por diferentes tecidos, camadas, estruturas e células que desempenham papeis de formação e manutenção do órgão dental. Estruturalmente, os dentes são constituídos por esmalte, dentina e polpa. 

ESMALTE

O esmalte é um tecido mineralizado produzido por células de origem epitelial,ectodérmica os ameloblastos, durante a amelogênese. Este tecido é composto majoritariamente por cristais de fosfato de cálcio que formam a hidroxiapatita (97%), porém apresenta, porém, uma pequena quantidade água (2%) e de matéria orgânica (1%, proteínas amelogeninas e não amelogeninas). , o queTal composição o torna o esmalte, o tecido mais duro do organismo humano. Apesar de extremamente duro, o esmalte é um tecido bastante friável, translúcido e delgado. Devido à sua localização na superfície do dente, ele está em íntimo contato com várias outras estruturas localizadas na cavidade bucal, tendo sua composição e integridade influenciada influenciadas pela saliva, alimentos, microbioma bucal, temperatura e fricção.

 

O esmalte é organizado como um enfileirado de bastões chamados prismas de esmalte. Os prismas, que são suas unidades estruturais do esmalte e representam o sentido e direção da deposição da matriz de esmalte pelos ameloblastos durante a odontogêneseamelogênese. Entre um prisma e outro, existe a deposição de esmalte em outras direções, porém com a mesma composição, denominada esmalte interprismático ou região interprismática. Devido ao seu conteúdo altamente mineralizado, o esmalte só pode ser avaliado em preparados obtidos por desgaste, uma vez que este entra em colapso durante os processos histológicos. No entanto, é possível estudar o esmalte em dentes em formação, onde é incompletamente calcifica.

Durante a amelogênese, a mudança de posicionamento e deposição de esmalte causa algumas variações de aspecto que podem ser percebidas ao estudo microscópico, tais como as linhas de Retzius, estriações transversais, bandas de Hunter-Scheger, esmalte nodoso, tufos, lamelas e fusos. As linhas de Retzius são áreas hipomineralizadas representadas por um “período de repouso” dos ameloblastos. Devido ao esmalte ser diseposto de uma maneira incremental, após os períodos de repouso, os ameloblastos sutilmente mudam sua direção, formando uma linha escura que, superficialmente, são dadas o nome de periquimácias. As estriações transversais, por sua vez, são entidades semelhantes às linhas de Retzius, porém organizadas transversalmente que refletem o ritmo circadiano da amelogênese. As bandas de Hunter-Scheger são um fenômeno óptico representados pela diferença na refração-reflexão de luz devido às diferentes posições dos prismas de esmalte.  Devido à característica piramidal das cúspides dentárias, há uma diferença na direção dos prismas de esmalte que, nos vértices das cúspides, podem se entrelaçar, formando o esmalte nodoso. Durante a amelogênese, há a formação de espaços de diferentes comprimentos entre os prismas que podem ser encontrados em estudo microscópico, tais como os tufos, lamelas e fusos. Os tufos são porções de esmalte levemente hipomineralizadas que percorrem apenas 1/3 da espessura total do esmalte. Nesta região, é encontrada uma proteína acídica denominada tufelina. Já as lamelas são porções hipomineralizadas mais longas e alcançam a superfície do esmalte. Por fim, os fusos são prolongamentos odontoblásticos que são envoltos por esmalte durante a amelogênese. A porção mais profunda do esmalte se relaciona com a dentina subjacente através de imbricamento entre esses dois tecidos. Esta área se denomina junção amelodentinária.

DENTINA

Diferente do esmalte, as duas outras estruturas que compõe o dente, dentina e polpa, são de origem conjuntiva. Produzida pelos odontoblastos, a dentina também é um tecido mineralizado composto por aproximadamente 70% de matéria inorgânica (hidroxiapatita, principalmente), 18% de matéria orgânica (colágeno tipo 1 em sua maioria, com t frações de glicoproteínas, proteoglicanos e fosfoproteínas) e 12% de água. Cerca de 56% da fase mineral estão contidas no colágeno. Superficialmente, a dentina é envolta pelo esmalte em sua coroa e pelo cemento ( estrutura pertencente ao periodonto de sustentação ) em sua(s) raíz(es) e, idealmente, não se encontra em contato direto com a cavidade bucal. A dentina envolve e protege a polpa dentária. Tem coloração amarelada e confere sustentação ao esmalte, reduzindo sua possibilidade de fratura durante a mastigação. A união entre dentina e esmalte é denominada junção amelocementária e pode ser visualizada microscopicamente como uma borda festonada bem -definida. A junção entre dentina e cemento em contrapartida, é menos nítida.

   

A dentina apresenta espaços cilíndricoscônicos (canalículos) ramificados que comportam os prolongamentos dos odontoblastos e fluido odontoblástico,  denominados, túbulos  dentinários. A porção mais estreita e ramificada dos túbulos dentinários ocorre próximo à junção amelodentinária e cementodentinária, enquanto a porção de maior diâmetro dos túbulos se localiza próximo a polpa. Fibras nervosas também são observadas nos túbulos dentinários, envolvendo parcialmente o processo odontoblástico. A formação de dentina (dentinogênese)  é um processo complexo e, orquestrado, é divididao em diversas fases e que dá origem a diferentes tipos de dentina. A dentina pode ser classificada de acordo com seu padrão de desenvolvimento, mineralização e de acordo com sua localização. 

   

Quando classificadas em relação ao seu padrão de desenvolvimento, podemos observar  Existem, inicialmente, três tipos de dentina: a dentina primária, a dentina secundária e a dentina terciária. Esses três tipos são determinados pelo de acordo com seuo período de formação e/ou pelo tipo de estímulo que ele se formarelacionado. A dentina primária é aquela que contorna a câmara pulpar, ela é formada desde a fase intrauterina até o fechamento do ápice radicular. Uma vez que há o fechamento do ápice radicular, a dentina primária deixa de ser produzida e, a dentina secundária passa a ser depositada contínua e lentamente durante toda a vida, a dentina secundária segue sendo produzida do indivíduo. A dentina secundária é idêntica à dentina primária em termos de composição química, no entanto, a dentina secundária possui um padrão incremental e uma estrutura tubular que, embora menos regulares, são, em sua maioria, contínuos com os da dentina primária.

 

Devido à maior deposição deste tipo de dentina no teto e assoalho da câmara pulpar, há uma redução assimétrica da câmara pulpar com o passar da idade.Portanto, Numa produção reduzida, a dentina secundária é estruturalmente idêntica à dentina primária. Devido à deposição centrípeta da dentinogênese, se percebe a diminuição da câmara pulpar de acordo com a idade. Quanto maior a idade, mais espessa é a camada de dentina e menor é a câmara pulpar.  A dentina terciária é depositada em resposta à estímulos nocivos como cáries, atrição e restaurações. Ela é produzida localmente, apenas pelas células diretamente afetadas pelo estímulo, trata-se de Caso haja alguma injúria à polpa, há a deposição de uma dentina irregular e pouco organizada, a dentina terciária. Este tipo de dentina se divide em dois tipos:, a dentina reparadora e a dentina reacional.

 

A dentina reacional é uma tentativa da polpa de barrar possíveis patógenos e estímulos patológicos, sua deposição é feita pelos odontoblastos e geralmente está relacionada à agentes externos crônicos e de baixa intensidade. . Estae tipo de dentina apresenta uma certa irregularidade quanto à distribuição dos túbulos dentinários, podendo ser esparsos ou, até mesmo, ausentes. não possui estrutura semelhante aos outros tipos de dentina no que se diz aos túbulos. A dentina reparadora, por sua vez, não é formada por odontoblastos, mas sim por células indiferenciadas da polpa. Ela é depositada devido à agentes externos agudos e de alta intensidade e forma umo tecido mineralizado formado assemelha-se semelhante ao osso determinado dentina do tipo osteoide(osteodentina). 

 

Quando classificados de acordo com o padrão de mineralização, podemos verificar três tipos de dentina: a dentina interglobular, a camada granulosa de Tomes e a dentina esclerótica. A dentina interglobular apresenta-se como, por sua vez, são porções pouco mineralizadas ou não mineralizadas entre a dentina circumpulpar e a dentina do manto que expressam um “defeito” de mineralização, onde os glóbulos de mineralização não mineralizam de fato. É frequentemente observada logo abaixo da dentina do manto. Assim como o esmalte apresentam as linhas de Retzius que representam ao padrão incremental de deposição de esmalte, a dentina apresenta as linhas de von Ebner e linhas de Owen. Essas duas linhas perpendiculares aos túbulos dentinários representam os períodos de deposição e repouso dos odontoblastos durante a dentinogênese.

 

A camada granulosa de Tomes é formada por pequenas áreas de dentina hipomineralizada somadas a pequenos espaços aprisionados que se formam ao redor dos túbulos dentinários. A dentina esclerótica, por sua vez, apresenta-se como túbulos dentinários obliterados por material calcificado. É mais comum no terço apical da raiz no qual a dentina torna-se de aparência vítrea e translucida. 

 

Quando classificados quanto à localização, podemos identificar 4 tipos de dentina: a dentina do manto, a dentina circumpulpar, a dentina peritubular e a dentina intertubular. A dentina do manto é a primeira porção de dentina produzida pelos odontoblastos, ainda na sua fase de diferenciação, trata-se da camada mais externa da dentina e está intimamente ligada ao esmalte por meio da junção amelodentinária. Esse tipo de dentina mineralizada por vesículas de matriz, com fibrilas grossas e perpendiculares à junção amelodentinária, apresenta um nível de maturação menor do que a dentina circumpulpar e não apresenta dentina peritubular. 

 

Em contrapartida, Aa dentina circumpulpar compreende a maior parte da espessura desse tecidodentina subjacente à dentina do manto. Ela contorna a câmara pulpar, razão pela qual recebe o nome de circumpulpar, e suas fibras colágenas são menores e mais aleatoriamente orientadas.  Essa porção de dentina apresenta três porções, a dentina globular, aA dentina peritubular é aquela que forma as paredes dos túbulos dentinários, é hipermineralizada, apresenta-se em contínua formação e responde a estímulos de pressão e tração, tais como a atrição, podendo levar a obliteração dos túbulos dentinários. A a dentina intertubular é a que se localiza entre os túbulos dentinários,

compreende a maior porção de dentina, quandoe, comparado com a dentina peritubular, e apresenta-se com maior conteúdo orgânico e menor mineralização. 

POLPA

 

A polpa é um tecido mole, vascularizado e inervado, constituído por diversos tipos de células que auxiliam na formação e manutenção dos tecidos dentais. Devido às relações embriológicas, histológicas e funcionais entre a polpa e a dentina, estas duas estruturas formam o complexo dentinopulpar. Este complexo se interage por meio dos prolongamentos odontoblásticoslocalizados na dentina e o corpo dos odontoblastos localizados na polpa. Os odontoblastos se localizam na periferia da dentina com uma interface entre essas duas estruturas, a pré-dentina. Estas células estão dispostas uma ao lado da outra, em paliçada, apresentam-se com formato cilíndrico e em maior número na coroa e cúbico e em menor número na raiz. Os odontoblastos são células produtoras e secretoras de matriz dentinária, logo, apresentam organelas sintetizadoras e secretoras de proteínas bastante evidentes, tais como os complexos de golgi, retículo endoplasmático rugoso, vesículas de transporte e secreção e mitocôndrias.

 

A polpa apresenta porções com diferentes estruturas. A primeira delas é a porção celular já apresentada, a região dos odontoblastos. Subjacente a esta, está a porção subodontoblástica que ainda se subdivide em zonas rica em células e pobre em células. A zona pobre em células é uma região de transição na qual não há corpos celulares, porém há muitosbastantes prolongamentos de célulascelulares, fibras nervosas e vasos sanguíneos, enquanto a zona rica em células apresenta corpos celulares de fibroblastos e células tronco. Mais profundamente, há a porção mais central da polpa que é constituído por elementos comuns ao tecido conjuntivo. Esta porção é composta por uma rede de fibroblastos e fibrócitos, células mesequimais indiferenciadas, vasos sanguíneos e células imunológicas. Ccomo macrófagos, linfócitos e plasmócitos. Todas essas células estão dispostas em um interstício rico em fibras colágenas e reticulares e substância fundamental emde proteínas sulfatadas como glicosaminoglicanos, proteoglicanos e glicoproteínas que atraem uma grande quantidade de água ao meio.

REFERÊNCIAS

 

KATCHBURIAN, Eduardo & ARANA, Victor. Histologia e embriologia oral: texto, atlas, correlações clínicas. 3. ed. rev. e atual. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2012.

NANCI, Antonio. Ten Cate histologia oral: desenvolvimento, estrutura e função. 8. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013.

 


 

 

Glândulas salivares são órgãos epiteliais glandulares que sintetizam, maturam e secretam a saliva para a cavidade bucal. Existem três pares de glândulas salivares maiores, a glândula parótida, a glândula submandibular e a glândula sublingual, além de glândulas menores localizadas por toda a cavidade bucal. Esses órgãos são histologicamente divididos em parênquima e estroma. O parênquima compreende a porção funcional das glândulas salivares, o qual é constituído por unidades estruturais denominadas adenômeros. O estroma compreende todas as estruturas de suporte e sustentação da glândula incluindo o tecido conjuntivo, os vasos linfáticos e sanguíneos e feixes nervosos. Os adenômeros, portanto, compõem o parênquima das glândulas salivares e são divididos em porção secretora e porção condutora. Os adenômeros são estruturas semelhantes a cachos de uvas, neste modelo, as uvas representariam a porção secretora terminal das glândulas salivares, formada por unidades esféricas (ácinos) ou tubulares (túbulos) e os caules representariam o sistema de ductos que compreende a porção condutora.
 

A porção secretora é composta por um conjunto de células serosas, mucosas, ou ambas, denominadas unidades secretoras terminais (ácinos e túbulos), além das células mioepiteliais que envolvem as unidades secretoras terminais. As células serosas dispõem-se formando unidades esféricas (ácinos), elas  produzem uma secreção rica em íons e água e uma pequena quantidade de glicoproteínas. As células serosas, quando coradas em HE, se apresentam como células triangulares a piramidais com núcleos localizados na sua porção basal e seu ápice voltado à luz do ácino com citoplasma bastante basofílico.  Essas células são repletas de ribossomos, retículo endoplasmático rugoso e complexo de Golgi que são organelas que sintetizam proteínas, além de vesículas de transporte e secreção. As células serosas são justapostas por interdigitações de membrana, desmossomos e junções oclusivas. 

 

As células mucosas dispõem-se formando unidades alongadas (túbulos), e secretam um conteúdo mais denso e viscoso, rico em glicoproteínas e carboidratos (mucina), são células piramidais e, quando coradas em HE, se apresentam pálidas e com núcleo mais achatado localizado em sua porção basal. Por ser uma célula produtora de muco e carboidratos, ela possui, em seu citoplasma, algumas organelas mais proeminentes como o complexo de Golgi, o retículo endoplasmático rugoso e vesículas de transporte e secreção. Assim como as células serosas, as células mucosas se comunicam através de projeções de membrana e desmossomos.Muitos túbulos mucosos possuem células serosas na sua extremidade, constituindo as semiluas serosas. Esta célula serosa em semilua é responsável por adicionar conteúdo seroso aos ácinos mucosos. As unidades secretoras terminais, bem como os ductos intercalares (vistos a seguir) são envolvidos por células de capacidade contrátil denominadas células mioepiteliais, localizadas junto à lâmina basal destas regiões. A contração das células mioepiteliais é responsável pela expulsão dos produtos de secreção das unidades terminais. Quando coradas em HE, apenas seus núcleos são visíveis nos cortes histológicos. Outra porção do parênquima glandular são os ductos que drenam o conteúdo produzido pelas unidades secretoras terminais.

 

Este conteúdo é secretado em um lúmen que segue contínuo em ductos com características celulares bem específicas e, além de conduzir a secreção produzida pelos ácinos e túbulos, alteram seu conteúdo pela adição de novos componentes. Seguinda es secretoras terminais estão os ductos intercalares. Ao estudo histológico, os ductos intercalares são os ductos menos espessos, revestidos por células epiteliais cúbicas com microvilosidades apicais, com núcleo central e bastante basofílico e citoplasma escasso com alguns retículos endoplasmáticos rugosos e complexos de Golgi. Este tipo de ducto contribui para a presença de alguns componentes na saliva, como as lisozima e lactoferrina. Seguindo, encontram-se os ductos estriados. Estes recebem a saliva primaária produzida pelaos unidades secretoras terminais e modificada pelos ductos intercalares.

 

Os ductos estriados são os ductos em maior quantidade no parênquima glandular e se localizam entre os lóbulos. À coloração em HE, percebe-se sua eosinofilia, já que seu citoplasma é altamente acidófilo. Suas células são colunares com núcleo central e  presença de invaginações nas porções basal e lateral dando o aspecto estriado a qual nomeia esse tipo de ducto. Esta célula é rica em mitocôndrias, porém pouco reticulo endoplasmático rugoso e complexo de Golgi são encontrados nela. Pequenas microvilosidades são vistas na porção apical dessa célula que, lateralmente, são unidas por desmossomos. Devido ao aumento de vascularização próximo a esse segmento de ducto, o produto salivar é modificado ao passo que segue por seu lúmen. As células do ducto estriado secretam conteúdo hipotônico com pouco Na+ e Cl- e alta concentração de K+. As mitocôndrias presentes nessas células atuam no bombeamento de Na+ para o interior da célula, enquanto K+ sai dela. Por fim, o conteúdo segue aos ductos excretores. Esses ductos são mais calibrosos e estão localizados – em sua maior parte -  nos septos de tecido conjuntivo interlobulares e são constituídos por epitélio pseudoestratificado colunar nas porções iniciais e epitélio estratificado cúbico com células caliciformes nas suas porções finais. Tecido conjuntivo, vasos sanguíneos, nervos e vasos linfáticos compõem o estroma glandular.

 

O estroma está presente nas glândulas salivares com as funções de dar suporte, levar suprimento sanguíneo e drenar a linfa, além de levar as fibras nervosas que controlam a secreção glandular. O maior componente do estroma é tecido conjuntivo frouxo composto por fibroblastos, leucócitos e bastante colágeno do tipo I. Devido à presença de glicosaminoglicanos e proteoglicanos, há também uma grande quantidade de água compondo a substância fundamental. Diversas arteríolas, vênulas e capilares realizam a irrigação e drenagem sanguínea das glândulas salivares que, quanto mais profundos no parênquima, mais delgados e mais função de filtração eles realizam. Toda a secreção e atividade celular das glândulas salivares é controlada pelos feixes nervosos que chegam à glândula acompanhando os vasos sanguíneos e se subdividem em dois tipos morfológicos, as relações epilemal e hipolemal.

 

A relação epilemal se dá através da aproximação da célula nervosa com a célula secretora com uma separação um pouco maior. Neste caso, os neurotransmissores chegam às células secretoras através de difusão entre elas.,Na relação hipolemal há uma proximidade maior dos feixes nervosos, os axônios penetram a lâmina basal e percorrem entre as células secretoras, levando o impulso nervoso até elas. O fluxo salivar é ativado através de regulação hormonal e através dos botões gustativos da cavidade bucal e mecanorreceptores do ligamento periodontal. A estimulação parassimpática é responsável por uma secreção rica em água com muita fluidez, enquanto a estimulação simpática está relacionada a uma secreção rica em componentes orgânicos, com muita viscosidade.

 

Aproximadamente 85% de toda a saliva é produzida pelas glândulas salivares maiores. Essas glândulas estão localizadas fora da cavidade bucal propriamente dita, porém se comunicam com ela através dos seus sistemas de ductos. Existem 3 grandes glândulas salivares, a parótida, a submandibular e a sublingual. Elas são bilaterais e são nomeadas por sua localização. As glândulas salivares maiores possuem inúmeras unidades secretoras terminais agrupadas e estroma bastante presente que as divide em lóbulos em seu interior. Em sua parte superficial, é rodeada por uma cápsula de tecido conjuntivo mais fibroso.

 

A glândula parótida se localiza na porção lateral da face, anterior ao meato acústico externo, superficial ao osso zigomático posterior e lateralmente ao ramo mandibular. Ela se comunica com a cavidade bucal através do ducto parotídeo (ducto de Stenon) localizado na mucosa jugal na altura do segundo molar superior. A parótida é a maior das três glândulas e, segundo alguns autores, contém apenas ácinos serosos, logo, ao estudo histológico em HE a basofilia é evidente em seus núcleos arredondados basais, com uma grande quantidade de ductos intercalares devido às suas ramificações. Seu estroma é comum, porém pode apresentar adipócitos e linfonodos. De todas as glândulas maiores, este par de glândulas é responsável pela produção de 25% de toda a saliva.

 

A glândula submandibular, por sua vez, é uma glândula compostas por 75% de ácinos serosos e 25% de unidades secretoras terminais mucosas, logo uma glândula mista é responsável por aproximadamente 70% da produção salivar. Ao estudo histológico em HE, se percebe em sua maior parte a basofilia dos ácinos serosos e as unidades terminais mucosas esparsas mais palidamente localizadas. A glândula submandibular é localizada no trígono submandibular se relacionando com os músculos do assoalho bucal e língua e seus ductos se comunicam com a cavidade bucal na abertura dos ductos submandibulares (ducto de Wharton) na área das carúnculas sublinguais. Por fim, a glândula sublingual possui quase 100% de unidades secretoras terminais mucosas com pouquíssimos ácinos serosos. Ao exame histológico os ductos são curtos e pouco visíveis, enquanto se percebe a palidez generalizada causada pela frequência de terminais mucosos com porções mais basofílicas representando as semiluas serosas.

 

Este conjunto de glândulas se relacionam com o músculo milo-hioide e desembocam na cavidade bucal através do ducto de Bartholin. Quando se fala de cavidade bucal, também há glândulas espalhadas por toda ela, as chamadas glândulas salivares menores. Localizadas na submucosa da cavidade bucal ou entre as fibras musculares da língua, estas glândulas salivares são principalmente mucosas com curtos ductos que desembocam na cavidade bucal própria. Ao contrário da maioria, as glândulas localizadas nas papilas circunvaladas no corpo da língua são serosas denominadas glândulas de von Ebner. As outras glândulas menores recebem o nome de sua localização, como glândulas labiais, palatinas e linguais. 

 

Após ser produzido pelos ácinos e unidades terminais e passar pelo sistema de ductos sofrendo modificações, esse conteúdo produzido pelas glândulas salivares finalmente chegam à cavidade bucal recebendo o nome de saliva. A saliva é um líquido incolor que, dependendo da glândula de origem, pode variar de viscoso a fluido, levemente ácido com diferentes compostos. A saliva é composta por eletrólitos como Na+, K+, HCO-3, Ca2+, Mg2+ e F-, proteínas e enzimas como amilase, mucina, prolina, histatina, lisozimas e lactoferrina, imunoglobulinas A, G e M, componentes orgânicos como glicose, aminoácidos, ureia, ácido úrico e lipídios, além de outros componentes como EGF (fator de crescimento epidermal), insulina, proteínas de ligação. A saliva apresenta várias funções, principalmente a de proteção da cavidade bucal, proteção esta que pode ser física, química e biológica.

 

A saliva promove a varredura de bactérias não aderidas, detritos alimentares, auxiliando na manutenção do pH bucal através do sistema tampão salivar, manutenção da integridade dental através asda solubilidade do cálcio e do fosfato. Do ponto de vista biológico, as mucinas e imunoglobulinas, além das enzimas presentes na saliva, auxiliam na barreira física e na defesa imunológica dna cavidade oral, além da capacidade de reparo tecidual fornecida pelos fatores de crescimento e proteínas de regeneração presentes nela. A saliva também auxilia na formação do bolo alimentar, umedecendo-o e tornando-o mais fácil de ser deglutido e digerido, uma vez que existem mucina, amilase e lipase em sua composição. Uma vez que o alimento é introduzido na cavidade bucal, as moléculas começam a ser solubilizadas pela saliva, auxiliando na sensação do paladar pelos botões gustativos.

 

As glândulas salivares são órgãos importantes para diversos sistemas do corpo humano, não apenas para o sistema estomatognático. Percebe-se a sua importância na homeostase corporal e, sua relação direta com o sistema digestivo, as torna peças importantes no organismo como um todo. 

REFERÊNCIAS

JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J.; ABRAHAMSOHN, P. Histologia básica: texto e atlas. 13. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017. 

KATCHBURIAN, Eduardo & ARANA, Victor. Histologia e embriologia oral: texto, atlas, correlações clínicas. 3. ed. rev. e atual. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2012.

NANCI, Antonio. Ten Cate histologia oral: desenvolvimento, estrutura e função. 8. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013.

     HISTOLOGIA DAS GLÂNDULAS SALIVARES

PERIODONTO

O periodonto é formado por um conjunto de tecidos (cemento, osso alveolar, gengiva e ligamento periodontal) com que têm como objetivos de revestir e sustentar o dente. A junção desses tecidos forma a articulação do tipo gonfose, na qual o tecido fibroso do ligamento periodontal segura firmemente o dente no seu alvéolo. . O seu O funcionamento do periodonto se torna apropriado a partir da integralidade e interação desses tecidos.O periodonto pode ser classificado como periodonto de sustentação o qual inclui o cemento radicular, o osso alveolar e as fibras do ligamento periodontal; e o periodonto de proteção, compreendendo estruturas como complexo mucogengival e composto pela gengiva marginal livre, papilar, inserida  e  pela  união  mucogengival  e  mucosa  alveolar.

PERIODONTO DE SUSTENTAÇÃO

O  periodonto  de  sustentação  tem  a  função  de  suportar os  dentes,  além de desempenhar funções sensorial, formativa, nutricional e de inervação.

CEMENTO

Trata-se de um tecido conjuntivo mineralizado e avascular, que recobre as raízes dos dentes. Éé composto de hidroxiapatita (45% - 50%), colágeno (tipo 1 predominante, com 90%) e proteínas não colagênicas da matriz. 

O colágeno tipo 1 é o principal e exerce função de estruturar os feixes do ligamento periodontal e, assim, distribuir melhor as forças mastigatórias. Outros colágenos encontrados são dos tipos 3, 5, 6 12 e 14. 

O cemento tem sido classificado de acordo com três diferentes fatores, sendo eles: 1) período de formação (primário ou secundário); 2) presença ou ausência de células na matriz (celular ou acelular); e 3) origem das fibras colágenas da matriz (intrínsecas: advindas da atividade de cementoblastos, e extrínsecas: provenientes da incorporação de fibras do ligamento periodontal). O cemento pode ser ainda classificado de acordo com sua localização, apresentando as terminologias de cemento intermediário (cemento secundário celular de fibras intrínsecas restrito ao ápice do dente) e de cemento estratificado misto (cemento apical disposto em camadas alternadas de cemento acelular de fibras extrínsecas e cemento celular de fibras intrínsecas).

Assim, 5 tipos de cemento podem ser encontrados: 1) cemento primário acelular de fibras intrínsecas. 2) cemento primário acelular de fibras extrínsecas; 3) cemento secundário celular de fibras intrínsecas; 4) cemento secundário celular de fibras mistas; e 5) cemento acelular afibrilar.

O cemento primário acelular de fibras intrínsecas é o primeiro a ser depositado, o qual ocorre anteriormente à formação do ligamento periodontal. Sobre ele, será depositado o cemento primário acelular de fibras extrínsecas.

O cemento (primário acelular) de fibras  extrínsecas é o principal tecido de fixação do dente,, se estende da margem cervical ao terço médio ou terço apical da raiz (cobrindo dois terços ou mais da superfície radicular). Nos incisivos e caninos, este tipo de cemento recobre toda a raiz do dente, estendendo-se até o forame apical. ; 

 O cemento secundário celular de fibras intrínsecas, se localiza no terço médio ou apical e nas bifurcações, a função é adaptativa a partir dos desgastes que ocorrem pela movimentação das peças dentarias.

O cemento secundário celular de fibras mistas tem fibras de origem extrínseca e intrínseca, e se localiza na porção apical e nas bifurcações e tem função adaptativa.

O cememento acelular afibrilar é considerado uma anomalia do desenvolvimento e pode estar localizado próximo à junção amelocementária. 

OSSO ALVEOLAR

A porção óssea dos maxilares, onde os dentes estão ancorados é denominada processo alveolar. O processo alveolar é formado por tábua cortical óssea vestibular e lingual, que revestem o osso alveolar. As tábuas ósseas se encontram com o osso alveolar 2,0 mm abaixo do nível da junção amelocementária. Tecido ósseo fascicular é o tecido ósseo que reveste diretamente o alvéolo, esse tecido ósseo proporciona fixação para os feixes de fibras de ligamento periodontal.

 

LIGAMENTO PERIODONTAL

O ligamento periodontal é o tecido conjuntivo especializado, presente entre o cemento e o tecido ósseo presente na parede do alvéolo. Tem como funções: sustentar o dente em seu respectivo alvéolo, resistir às forças mastigatórias e atuar como receptor sensorial, facilitando o posicionamento dos maxilares durante as suas funções.

O ligamento periodontal possui uma população heterogenia de células mesenquimais que podem se diferenciar em osteoblastos ou cementoblastos e assim promover a remodelação óssea. Fibroblastos, macrófagos e restos epiteliais de Malassez também fazem parte do ligamento periodontal.

Células do Ligamento Periodontal:

Fibroblastos: são as principais células, e têm uma altaa capacidade de remodelação das suas proteínas do compartimento extracelular (principalmente colágeno). São células grandes, de citoplasma extenso, com muitas organelas associadas a síntese e secreção de proteínas e apresentam um citoesqueleto com filamentos de actina.

Quando ocorrem processos inflamatórios no ligamento periodontal os fibroblastos perdem o colágeno. Essas células têm grande importância durante a erupção do dente e são responsáveis pelos movimentos funcionais durante a mastigação, auxiliando, assim, no melhor posicionamento dos maxilares.

Células epiteliais: são células remanescentes de BERH ou restos epiteliais de Malassez. Estão presentes principalmente no cemento.

Células mesenquimais indiferenciadas: estão em áreas perivasculares e são responsáveis pela produção de novas células. 

Células tronco: essas células pós-natais têm capacidade de auto renovação e se diferenciam em adipócitos, células cementogênicas e osteogênicas.

Fibras do ligamento periodontal: as fibras colágenas do ligamento periodontal são do tipo I, III e XII. Os feixes de fibras colágenas se apresentam das seguintes formas:

1 – Grupo da crista alveolar: ,insere a crista óssea alveolar ao cemento logo abaixo da junção amelocementária

2 – Grupo horizontal: dirige-se em  ângulo reto em relação ao longo eixo do dente, saindo do cemento em sentido ao tecido ósseo logo abaixo da crista óssea alveolar;

3 – Grupo oblíquo: é o grupo mais numeroso e segue do cemento em direção obliqua até o tecido ósseo;

4 – Grupo apical: se irradia do cemento ao redor do ápice da raiz em sentido ao osso e assim formando a base do alvéolo;  

5 – Grupo inter radicular: está presente apenas em dentes com duas ou mais raízes, dirige-se do cemento para o osso sendo responsável pela formação do septo inter-radicular.

PERIODONTO DE PROTEÇÃO

 

O periodonto de proteção, como o próprio nome já diz, tem como função a proteção dos tecidos periodontais uma vez que, ao revestir o processo alveolar e a porção  cervical  dos  dentes, impede a propagação de agressões provocadas pela presença da placa bacteriana ou por estímulos físicos para as regiões mais internas.

GENGIVA

A gengiva é classificada como parte da mucosa mastigatória. Seu epitélio de revestimento se caracteriza como epitélio estratificado orto ou paraqueratinizado, espesso e apresenta superfície pontilhada. Sua lâmina própria apresenta papilas longas e estreitas, tecido conjuntivo denso e fibroso, não sendo muito vascularizado, mesmo apresentando alças capilares. Já a sua submucosa é firmemente aderida por fibras colágenas ao periósteo, processo alveolar e cemento.

Anatomicamente, a gengiva é dividida em marginal, inserida e interdentária ou papilar. Próximo à coroa, a gengiva tem coloração rósea e contorno festonado, ela é denominada gengival marginal livre. Uma depressão linear rosa, denominada de sulco gengival, separa a gengiva marginal da gengiva inserida que tem aspecto de casca de laranja. Apicalmente, a gengiva é contínua com a mucosa alveolar, classificada como mucosa de revestimento, que é frouxa e de cor vermelha mais escura.  A linha que separa a gengiva inserida da mucosa alveolar é chamada de junção mucogengival ou linha mucogengival.

GENGIVA MARGINAL

A gengiva marginal, também denominada gengiva livre, tem a forma de colar e contorna o dente ao nível do limite amelocementário. Tem uma largura ligeiramente maior do que um milímetro, e possui uma face livre (voltada para a cavidade bucal) com um epitélio estratificado pavimentoso queratinizado; e uma face dental (voltada para o dente) contendo um epitélio sulcular (epitélio estratificado pavimentoso não queratinizado) e um epitélio juncional. 

GENGIVA INSERIDA

Está localizada firmemente sobre o periósteo, abaixo da crista óssea por meio de fibras do tecido conjuntivo. Se localiza entre a gengiva marginal livre e a mucosa alveolar, da qual é separada pela linha mucogengival. Possui uma textura firme, cor  rósea  e uma superfície  pontilhada semelhante a “casca de laranja”.

 

GENGIVA PAPILAR

A gengiva interdentária ou papilar ocupa a ameia gengival, espaço interproximal localizado abaixo da área de contato entre os dentes.  Possui forma piramidal nas regiões anteriores e forma de concavidade formada nas regiões de pré-molares e molares (área do col). A sua forma é determinada pelas relações de contato interdentário, pela largura da superfície proximal dos dentes e pelo contato da junção cemento-esmalte.

EPITÉLIO JUNCIONAL

Forma um colar de aderência epitelial ao esmalte dentário. Trata-se de um epitélio estratificado pavimentoso com um menor número de camadas.

SULCO GENGIVAL

Espaço existente ao redor do dente, entre o epitélio sulcular e o esmalte, onde não há aderência epitelial, tem a forma de V e uma profundidade média de 0,5 a 1,5 milímetros.  O sulco gengival subdivide-se em sulco gengival histológico e sulco gengival clínico situado mais apicalmente e sua profundidade somada A profundidade mede aproximadamente 1 a 2 milímetros nas regiões vestibular e lingual e de 2 a 3 milímetros nas regiões proximais.

FIBRAS DO LIGAMENTO GENGIVAL

Outros grupos de fibras são associadas a manutenção da funcionalidade do periodonto e estão presentes na lâmina própria da gengiva, formando o ligamento gengival dando a gengiva o aspecto clinico de casca de laranja.

1 – Grupo dentogengival: são mais numerosos e se estendem do cemento na porção cervical e vão até a lâmina própria da gengiva livre e inserida

2 – Grupo alveologengival: saem da crista óssea alveolar e se insere na lâmina própria da gengiva livre e inserida

3 – Grupo circular: formam uma faixa em torno do colo do dente e auxilia a inserção da gengiva livre ao dente 

4 – Grupo dentoperiosteal: se dirige do cemento em sentido apical sobre o periósteo das tábuas corticais externas do processo alveolar e se insere no processo alveolar e músculos vestibular do assoalho da boca

5 – Grupo transepto: fibras em sentido inter dentário a partir do cemento apical a base do epitélio juncional e se insere em cemento do dente adjacente.

Fibras do sistema elástico: é um sistema formado por três tipos de fibras, as elásticas, oxitalânicas e elaunínicas. Apenas as fibras oxitalânicas são encontradas no ligamento periodontal. As fibras elaunínicas podem ser encontradas nas fibras do ligamento gengival.

As fibras oxitalânicas são feixes de microfibras distribuídas extensivamente no ligamento periodontal. Elas seguem no sentido vertical pela superfície do cemento em direção apical. Essas vibras estão associadas a elementos neurais e vasculares. Sua função está associada a regulação da vascularização.

SUPRIMENTO SANGUÍNEO

 

O periodonto é altamente vascularizado e isso influencia no seu bom funcionamento e manutenção das células. Sua irrigação é derivada principalmente das artérias alveolares inferior e superior, suas ramificações entram no ligamento periodontal e recebem o nome de artérias perfurantes, sendo mais abundantes no ligamento periodontal dos dentes posteriores.

SUPRIMENTO NERVOSO

As fibras nervosas seguem da porção apical em sentido a margem gengival e penetram lateralmente através dos forames da parede alveolar.

Mucosa Oral

A mucosa oral consiste na membrana mucosa úmida que reveste a cavidade bucal. lEla está localizada, anatomicamente, entre a pele e a mucosa gastrointestinal e,.apesar de ser um tecido contínuo à pele, apresenta inúmeras diferenças quando comparada a esta. A mucosa oral e a pele se diferem quanto a coloração, umidade, lisura e anexos relacionados. 

A mucosa oral é mais corada, e essa coloração mais intensa representa a combinação de alguns fatores, como: a concentração e dilatação de pequenos vasos sanguíneos no tecido conjuntivo subjacente, o grau de ceratinização e a quantidade de melanina no epitélio. A coloração da mucosa é um fator importante na sua condição clínica. A mucosa saudável apresenta uma coloração rosada enquanto a coloração avermelhada deste tecido pode ser observada em casos de inflamação (esta alteração de cor ocorre devido a dilatação dos vasos e aumento do fluxo sanguíneo no local).

 A mucosa oral se apresenta úmida e lisa; está associada a inúmeras glândulas salivares menores; os anexos cutâneos estão ausentes; e as glândulas sebáceas se dispõem em menor quantidade, têm aspecto de pontos pálido e amarelados (grânulos de Fordyce) e estão associadas a região de lábio e mucosa jugal.  Já a pele contém glândulas sebáceas em maior proporção, glândulas sudoríparas e folículos pilosos.

A mucosa oral apresenta em si, variações relacionadas à sua firmeza e textura. Essas variações podem ser observadas no lábio e bochecha que apresentam uma mucosa mais frouxa e flexível, enquanto a gengiva e palato duro apresentam-se com uma camada firme e imóvel.

Funções da Mucosa Oral

A mucosa oral apresenta diversas funções.

Proteção: A mucosa oral, ao revestir toda a cavidade bucal, protege diversos tecidos e órgãos localizados mais profundamente nesta região. A mucosa oral apresenta uma série de adaptações do epitélio e do tecido conjuntivo de forma a suportar as forças mecânicas e abrasivas decorrentes dos processos de mastigação e apreensão de alimentos.  Além disso, sua porção epitelial atua como barreira os micro-organismos presentes no interior da cavidade oral, os quais podem desencadear um quadro infeccioso, caso tenham acesso aos tecidos mais profundos. Esta barreira epitelial apresenta variações em sua espessura de acordo com a região. Assim, regiões mais delgadas como o assoalho de boca, são mais permeáveis, por este motivo, alguns medicamentos são colocados debaixo da língua para uma boa absorção.

Sensação: Na mucosa oral, há uma série de receptores que respondem a sensações térmicas, táteis, dolorosas e gustativas, além de iniciarem reflexos como salivação, deglutição, vômito e engasgo.

 

Secreção: Na mucosa que recobre todas as regiões da cavidade oral, ou na sua submucosa, com exceção de gengiva e da porção anterior do palato duro, existem numerosas e pequenas glândulas salivares.  A saliva é, portanto, a principal secreção relacionada a mucosa oral e tem, dentre outras, as funções de estabilizar o pH, manter umidade na superfície dos tecidos e proteger contra ação de micro-organismos.

Constituintes da Mucosa Oral

A mucosa oral é constituída pelo epitélio oral e a lâmina própria (tecido conjuntivo localizado logo abaixo do epitélio), os quais se conectam por meio de uma interface ondulada formada pelas cristas epiteliais e papilas de tecido conjuntivo (junção do epitélio e lâmina própria). Descreveremos a seguir, detalhadamente, cada um destes constituintes

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