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         O sistema genital humano produz, armazena, nutre e transporta as células reprodutoras funcionais masculinas e femininas, denominadas gametas. A combinação do material genético fornecido por um espermatozoide (gameta haploide) do pai e um oócito (gameta haploide) da mãe ocorre logo após a fertilização ou concepção. A fertilização produz o zigoto, uma única célula (diploide) cujo crescimento, desenvolvimento e divisões repetidas gerarão, em cerca de 40 semanas, um novo individuo. Diferentemente de outros sistemas do corpo, o sistema genital não é essencial para a sobrevivência do indivíduo; contudo, é necessário para a sobrevivência da espécie.

      Funcionalmente, os sistemas genitais masculino e feminino são bastante diferentes. No homem adulto, as gônadas, denominadas testículos, secretam os hormônios sexuais conhecidos como andrógenos, principalmente a testosterona, e produzem meio bilhão de espermatozoides por dia. Após sua produção e armazenamento, os espermatozoides fazem trajeto ao longo de um sistema de ductos, onde são misturados com as secreções das glândulas acessórias, formando uma mistura conhecida como sêmen (esperma). Durante a ejaculação, o sêmen é expelido do corpo no óstio externo da uretra.

       Na mulher adulta, as gônadas, ovários, tipicamente produzem apenas um gameta maduro por mês, o oócito. O oócito percorre as curtas tubas uterinas que se abrem no interior do útero, um órgão essencialmente muscular. Uma curta via de acesso, a vagina, conecta o útero ao ambiente externo. Durante o ato sexual, a ejaculação introduz o sêmen na vagina, e os espermatozoides podem ascender no interior do trato genital feminino, onde podem encontrar o oócito e iniciar o processo de fertilização.​

Organização do sistema genital

O sistema genital inclui:

  • Órgãos genitais internos, as gônadas, que produzem gametas e hormônios e um sistema de ductos, que armazenam e transportam os gametas;

  • Órgãos genitais externos, estruturas do períneo;

  • Glândulas acessórias que secretam líquidos nos ductos do sistema genital ou em outros ductos excretores.

Descida dos Testículos

       Durante o desenvolvimento embrionário e fetal, os testículos formam-se no interior da cavidade do corpo, adjacentes aos rins. As posições relativas destes órgãos se modificam ao longo do crescimento do feto, resultando em um movimento gradual dos testículos no sentido ínfero-anterior, em direção à parede abdominal anterior. Durante o sétimo mês do desenvolvimento, o crescimento continua em velocidade acelerada e os hormônios circulantes estimulam a contração do gubernáculo do testículo, estrutura fibrosa fixada no polo inferior do testículo primordial e na parede interna do futuro escroto. No decurso deste período, a posição relativa dos testículos sofre mais alterações, e eles atravessam a parede muscular do abdome acompanhados por pequenas bolsas de peritônio, músculos esqueléticos e suas fáscias. Este processo é conhecido como descenso (descida) dos testículos. À medida que se movem através da parede do corpo, cada testículo é acompanhado pelo ducto deferente, vasos sanguíneos testiculares, nervos e vasos linfáticos. Com a descida testicular por meio da parede anterolateral do abdome ocorre a formação do funículo espermático, um tubo com constituição semelhante à parede anterolateral do abdome e que contém os ductos, nervos e vasos sanguíneos e linfáticos agrupados em um feixe.

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NETTER, Frank H.. Atlas de Anatomia Humana. 2ed. Porto Alegre: Artmed, 2000.

4 semanas
8 semanas
4 meses
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1. Testículos

        Os testículos são órgãos reprodutores masculinos primários, ou gônadas. Eles são órgãos elipsoides que fazem parte do sistema genital e endócrino, responsáveis pela produção de espermatozoides e testosterona, respectivamente. Eles se encontram suspensos no escroto pelos tecidos escrotais, incluindo o músculo dartos e os funículos espermáticos. As dimensões testiculares médias são de 4 à 5 cm de comprimento, 2,5 cm de largura, e 3 cm em diâmetro anteroposterior; seu peso varia de 10,5 à 14g. O testículo esquerdo geralmente se encontra mais inferior que o direito. Cada testículo está separado de seu homólogo por uma rafe fibrosa mediana, o septo do escroto, o qual é ausente superiormente. A face posterior de cada testículo é apenas parcialmente coberta pela túnica serosa (túnica vaginal); o epidídimo se une a sua parte lateral. O testículo é revestido por três túnicas, de fora para dentro, túnica vaginal, túnica albugínea e túnica vasculosa.

Figura 3 - Vista superior da região inguinal (pelve maior) masculina

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- Pregas do peritônio

Figura 2 - Vista inferior da região inguinal masculina

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Figura 1 - Vista anterior da região inguinal masculina

Figura 4 - Vista anterior

Figura 5 - Vista anterolateral direita

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Lado direito: os revestimentos do funículo espermático foram retirados

Lado esquerdo: apenas o tegumento foi retirado

Figura 6 - Vista anterior da pelve masculina

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Região inguinal direita

Região femoral direita

Região pubiana

Figura 8 - Vista da pelve masculina em múltiplos planos

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Figura 7 - Vista medial da pelve masculina em corte sagital mediano

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Figura 9 - Vista medial de corte sagital do escroto e funículo espermático

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2. Sistema de Ductos ou Trato Genital Masculino

         Os testículos produzem espermatozoides fisicamente maduros que ainda não são capazes de realizar a fertilização porque ainda não são móveis. À medida que são produzidos, os gametas, juntamente com as secreções testiculares, são empurrados (por diferença de pressão) para as regiões seguintes do trato genital masculino que estão envolvidas com maturação funcional, nutrição, armazenamento e transporte de espermatozoides. São elas o epidídimo, ducto deferente, ducto ejaculatório e uretra.

3. Glândulas Anexas

        Os túbulos seminíferos e o epidídimo contribuem com apenas 5% dos líquidos para o volume final de sêmen. O líquido seminal é uma mistura de secreções advindas de várias glândulas diferentes, cada uma com características bioquímicas específicas. Essas glândulas incluem as glândulas seminais, a próstata e as glândulas bulbouretrais. As principais funções da próstata e glândulas seminais são ativar os espermatozoides, fornecer os nutrientes necessários para garantir a motilidade dos mesmos e produzir tampões que neutralizem a acidez dos conteúdos uretral e vaginal. Já as glândulas bulbouretrais secretam, principalmente, muco na uretra esponjosa, lubrificando-a e eliminando resíduos de urina. 

Vista posterior

Vista anterior do fundo da bexiga urinária

Vista lateral esquerda

Sêmen (esperma)

Uma ejaculação típica libera entre 2 e 5 mL de sêmen. Este volume de líquido, denominado ejaculado, contém:

  • Espermatozoides: uma contagem normal de espermatozoides varia entre 20 e 100 milhões de espermatozoides por mililitro de sêmen.

  • Líquido seminal: o líquido seminal, componente líquido do sêmen, é uma mistura de secreções glandulares com uma característica composição iônica e de nutrientes. Em termos de volume total, o líquido seminal contém as secreções combinadas das glândulas seminais (60%), da próstata (30%), das células de sustentação (de Sertoli) e do epidídimo (5%) e das glândulas bulbouretrais (5%).

  • Enzimas: várias enzimas importantes estão presentes no líquido seminal, incluindo (1) uma protease que pode auxiliar a dissolver secreções mucosas na vagina e (2) plasmina seminal, uma enzima antibiótica que mata uma variedade de bactérias, incluindo a Escherichia coli.

4. Pênis

         O pênis é um órgão tubular que contém a maior parte da uretra. Ele conduz a urina para o ambiente externo e elimina o sêmen através do óstio externo da uretra. É dividido em três regiões: raiz do pênis, corpo do pênis e glande do pênis. A pele que recobre o pênis geralmente é mais pigmentada do que a pele de qualquer outro local do corpo e costuma ser desprovida de pelos. A derme contém uma camada de músculo liso, e o tecido conectivo frouxo subjacente que permite a movimentação desta pele fina sem que haja distorção das estruturas mais profundas. A tela subcutânea também contém artérias, veias e vasos linfáticos superficiais, mas relativamente poucas células adiposas. A posição anatômica do pênis é ereto.

Vista anterior

Vista lateral esquerda

Vista posterior

Vista anterior

Vista lateral esquerda

Vista posterior

Vista medial de corte sagital mediano

Vista medial de corte sagital mediano

Vista anterior

(o corpo do pênis foi retirado)

Vista lateral esquerda

Vascularização e Inervação dos órgãos genitais masculinos

    A artéria ilíaca interna é o vaso sanguíneo principal da pelve, sendo responsável pela vascularização das vísceras pélvicas e por parte da vascularização da parte musculoesquelética dessa região. Além disso, envia ramos para a região glútea, para as regiões mediais da coxa e para o períneo.

    Com cerca de 4 cm de comprimento, cada artéria ilíaca interna (direita e esquerda) começa quando a artéria ilíaca comum bifurca-se nas artérias ilíacas interna e externa no nível do disco entre as vértebras L V e S I. O ureter possui importante relação anatômica e cruza a artéria ilíaca comum ou seus ramos terminais na bifurcação ou imediatamente distal a ela. "A artéria ilíaca interna é separada da articulação sacroilíaca pela veia ilíaca interna e pelo tronco lombossacral. Desce posteromedialmente até a pelve menor, medialmente à veia ilíaca externa e ao nervo obturatório, e lateralmente ao peritônio (MOORE; DALLEY; AGUR, 2014)".

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Região Inguinal

   Existe ainda a região inguinal, também chamada de virilha, e é a junção entre a parede abdominal e a coxa. A área da parede abdominal dessa região é enfraquecida, em razão de seu desenvolvimento. Além disso, um saco peritoneal ou divertículo, com ou sem conteúdo abdominal, pode protruir através da parede e levar a criação de hérnia abdominal. No alto da parede abdominal posterior surge uma evaginação peritoneal (o processo vaginal), a qual passa por várias camadas de parede abdominal anterior e é recoberta por: face transversal (forma seu revestimento profundo), musculatura do oblíquo interno (forma o segundo revestimento), aponeurose do músculo oblíquo externo (forma o revestimento mais superficial). Esse processo vaginal é transformado em uma estrutura tubular com muitos revestimentos a partir de camadas da parede abdominal anterior. Isto forma a estrutura básica do canal inguinal. Já a última etapa desse processo é a descida dos testículos para o interior do escroto ou dos ovários para o interior da cavidade pélvica.      O canal inguinal é uma passagem que se estende em uma direção inferior e medial, logo acima e paralelo à metade inferior do ligamento inguinal. Ele começa no anel inguinal profundo e continua por aproximadamente 4 cm, terminando no anel inguinal superficial. O conteúdo do canal é o funículo espermático em homens e o ligamento redondo do útero em mulheres. Adicionalmente, em ambos os sexos o nervo ílio-inguinal passa através de parte do canal saindo pelo anel inguinal superficial, juntamente com as outras estruturas. Várias camadas da parede abdominal formam a parede anterior e posterior, o teto e o assoalho do canal inguinal, são elas: aponeurose do músculo oblíquo externo forma a parede anterior do canal; fáscia transversal forma a parede posterior do canal; já o teto ou parede superior é formado pelas fibras arqueadas dos músculos transverso e oblíquo interno do abdome; Por último, a metade medial do ligamento inguinal forma o assoalho ou parede inferior do canal inguinal. O anel inguinal profundo (interno) é o começo do canal inguinal e está localizado num ponto médio entre a espinha ilíaca ântero-superior e sínfise púbica. O anel inguinal profundo é na verdade o início da evaginação tubular da fáscia transversal que forma um dos revestimentos (a fáscia espermática interna) do funículo espermático em homens e o ligamento redondo do útero em mulheres. O anel inguinal superficial (externo) é o final do canal inguinal sendo superior ao tubérculo púbico. Assim como o anel inguinal profundo, o superficial é na verdade o início da evaginação tubular da aponeurose do músculo oblíquo externo sobre as estruturas que estão atravessando o canal inguinal e que emergem a partir do anel inguinal superficial. Esta continuação do tecido sobre o funículo espermático é a fáscia espermática externa.

Referências bibliográficas

  1. TERMINOLOGIA ANATÔMICA. São Paulo: Manole, 2001.

  2. MOORE, K L.; DALLEY, A F.; AGUR, A M. R. Anatomia Orientada para a Clínica. 7 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014.

  3. PAULSEN, F.; WASCHKE, J. SOBOTTA Atlas de Anatomia Humana. 23 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2012.

  4. DRAKE, R L.; VOGL, A W; MITCHELL, A W M. GRAY’S. Anatomia Para Estudantes. 2 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.

  5. NETTER, F. H. Atlas de anatomia humana. Porto Alegre: Artes Médicas, 2004.

  6. PEZZI, L H A; PRINZ, R A D; CORREIA, J A P; PESSANHA NETO, S. Anatomia Clínica Baseada em Problemas. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011.

  7. TORTORA, G J.; NIELSEN, M T. Princípios de Anatomia Humana. 12 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2013.

  8. MARTINI, Frederic. Anatomia Humana: Coleção Martini. 6. ed. Porto Alegre : Artmed, 2009.

  9. STANDRING. Gray´s anatomia. 40. ed. Elsevier, 2002

  10. TORTORA. Gerard J. Princípios de anatomia e fisiologia. 14 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016.

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