O tecido nervoso consiste majoritariamente em células super especializadas, conhecidas como neurônios, mergulhadas em um sítio com outros tipos celulares, as quais permitirão que elas realizem suas funções com rigor e eficiência, ou seja, "o neurônio é a unidade estrutural e funcional do tecido nervoso" (ROSS e PAWLINA, 2016). As células que auxiliam as células nervosas fornecendo, principalmente, suporte e proteção aos neurônios, podem ser agrupadas e são conhecidas como neuroglia ou glia.
Para compreendermos melhor como cada órgão do sistema nervoso se desenvolve, se organiza e executa suas funções, é necessário realizarmos o estudo do tecido nervoso. Mais a frente veremos que cada componente desse tecido se agrupa de forma distinta para dar origem ao que conhecemos por sistema nervoso. Dessa forma, veremos que o sistema nervoso possui íntima relação com os demais sistemas exercendo a função de comando, controle e monitoramento das funções orgânicas. Para isso o sistema nervoso é dividido anatomicamente em Sistema Nervoso Central (SNC) e Sistema Nervoso Periférico (SNP).
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1. MORFOLOGIA DO NEURÔNIO
As células nervosas (neurônios) basicamente transmitem o impulso nervoso na forma de potenciais elétricos (sinapses), haja vista que elas conduzem os estímulos externos e internos do corpo. Assim, elas transportam a informação a um centro de comando (o encéfalo ou a medula espinal), o qual integra e processa os estímulos e, por fim, gera uma resposta que segue trajeto contrário, tendo um órgão efetor como alvo.
Histologicamente, o neurônio pode ser divido em 3 partes:
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CORPO CELULAR, SOMA OU PERICÁRIO: é a região dilatada onde encontramos o núcleo do neurônio. Além disso, é nesse local onde são formados alguns neuromediadores e, em cortes histológicos são encontrados os Corpúsculos de Nissl (retículo endoplasmático rugoso do neurônio). O corpo celular pode receber estímulos (potenciais elétricos) de outros neurônios por meio de sinapses (local de contato entre neurônios);
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DENDRITOS: são prolongamentos dos corpos neuronais, que se assemelham com ramos de árvores, que recebem o potencial elétrico (impulso nervoso) e o transmite para o corpo celular.
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AXÔNIOS: também é um prolongamento a partir do corpo celular, geralmente, único. Tem origem no cone axônico do neurônio e são projeções do citoplasma que conduzem o potencial elétrico do corpo celular, ou diretamente dos dendritos, até um ou mais botões terminais onde o potencial é passado a outro neurônio ou mais, ou a células efetoras. O axônio pode ser revestido por bainha de mielina (neurônio mielinizado) ou não (neurônio não mielinizado ou amielínico).
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2. CLASSIFICAÇÃO MORFOLÓGICA DOS NEURÔNIOS
Os neurônios podem ser categorizados segundo o número de prolongamentos que emergem do seu corpo celular. Para saber a classificação clique nas imagens abaixo:
3. CLASSIFICAÇÃO FUNCIONAL DOS NEURÔNIOS
Os neurônios têm uma notável capacidade de condução de impulsos elétricos, denominados pelos fisiologistas de potenciais de ação. Assim, dependendo do local onde os impulsos nervosos são gerados e transmitidos, os neurônios podem ser classificados como neurônios sensitivos (aferentes), neurônios motores (eferentes) e interneurônios.
Quer conhecer a diferença entre eles? CLIQUE nas imagens e conheça!
4. CÉLULAS DE SUSTENTAÇÃO DO SISTEMA NERVOSO: NEURÓGLIA
As células da neuróglia (ou glia) são as células de sustentação do sistema nervoso, as quais não possuem a capacidade de conduzir impulsos nervosos como os neurônios, mas mantém a homeostasia do meio, criando as condições ótimas para que as células nervosas atuem. Além disso, dependendo da sua localização, os tipos de células da glia que compõem esse tecido nervoso podem variar na morfologia e na função.
A depender se estamos nos referindo a SNC ou SNP, os tipos de células da neuróglia mudam. Para entender melhor, CLIQUE e conheça um pouco sobre cada tipo!
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No SNC, as células gliais são denominadas NEURÓGLIA CENTRAL e seus componentes são:
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Já no SNP, as células gliais são chamadas de NEUROGLIA PERIFÉRICA. Vale ressaltar que existem uma grande variedade de células da neuróglia periférica associadas a órgãos ou tecidos específicos. Por exemplo, a neuróglia terminal (telóglia), associada à placa motora; a neuróglia entérica, associada aos gânglios localizados na parede do trato gastrintestinal; e as células de Müller na retina. Agora conheça seus componentes:
FORMAÇÃO DA BAINHA DE MIELINA
A bainha de mielina nada mais é do que várias camadas da membrana plasmática e citoplasma ao redor de um axônio. No SNP, a célula de SCHWANN é a responsável por formar a bainha de mielina, já no SNC a célula responsável é o oligodendrócito. Para compreendermos como essa barreira protetora se forma vamos focar no SNP.
Durante o processo de mielinização forma-se um sulco na superfície da célula de Schwann onde podemos encontrar o axônio que será mielinizado. No caso de neurônios do SNP, um segmento do axônio é envolvido por várias células de Schwann em série ao longo do comprimento do axônio. A partir da formação do sulco, a membrana da célula de Schwann envolve o axônio uma primeira vez e em seguida várias e várias vezes, formando uma barreira espessa com inúmeras camadas de membrana plasmática, ou seja, fosfolipídeos. Os fosfolipídeos, como já vimos, não são bons condutores de cargas elétricas e dessa forma, a bainha de mielina forma um isolante elétrico ao redor do axônio, impedindo a perda das cargas que são conduzidas ao longo da geração dos potenciais de ação neuronais (sinais elétricos). Assim, a bainha de mielina aumenta a velocidade de condução neuronal e garante que a informação (potencial de ação) chegue ao seu destino final.
É importante entender que neurônios amielínicos ou não-mielinizados também são envolvidos pelas células de Schwann, porém, uma única célula envolve vários axônios, sendo que esses axônios permanecem apenas dentro do sulco inicial, ou seja, não formam-se camadas de membrana e citoplasma ao redor dos axônios. Observe a imagem a seguir.
BOM ESTUDO!!!
Vídeo aula elaborada pelos Profs. Drs. Luciana Valente e Tiago Goes do Laboratório Morfofuncional e Microscopia da Universidade Federal de Sergipe/Campus Lagarto.
REFERÊNCIAS
1. ROSS H; PAWLINA M. Histologia – Texto e Atlas – Em Correlação com Biologia Celular e Molecular. 6 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2012.
2. BORGES, G R. Anatomia e Fisiologia Humanas. Curitiba: IESDE, 2019.